CRISTIANISMO X CATOLICISMO – Parte 1

Jesus Cristo

Vamos iniciar uma nova série, analisando as diferenças entre o Cristianismo primitivo e as práticas católicas e mesmo protestantes atuais. A sociedade brasileira é toda baseada em fundamentos católicos e, mesmo aqueles que professam outra religião, somos influenciados por tradições que, muitas vezes, não sabemos de onde vieram. É necessário conhecer a origem de certos conceitos e tradições para não acharmos que estamos seguindo os ensinos de Jesus, quando Jesus nem tocou nesse assunto. Essa série busca estudar melhor cada uma das práticas e crenças que permeiam o Cristianismo atual.

A Igreja Católica celebra sete sacramentos, que são: Batismo, Confirmação (ou Crisma), Eucaristia, Reconciliação (ou Penitência), Unção dos enfermos, Ordem e Matrimônio. Para a Igreja Católica, os sacramentos foram instituídos por Jesus.

O apóstolo que viveu mais tempo, e o único a morrer de morte natural, foi João, morto em 103 DC. Portanto, nenhum costume introduzido após essa data poderia, nem que remotamente, ser atribuído a Jesus ou a um de seus discípulos.

A água benta foi instituída no ano 120, a penitência (um dos sacramentos) em 157, a missa latina em 431, a crença na existência do purgatório em 593, o uso de sinos no ano 1000, o celibato obrigatório dos padres em 1016, as indulgências em 1119, as dispensas em 1200, a confissão auricular em 1215 e a infalibilidade papal em 1870.

Batismo
Batismo

O termo é a transliteração do grego “βαπτισμω” (baptismō) para o latim (baptismus), conforme se vê na Vulgata em Colossenses 2:12. Este substantivo também se apresenta como “βαπτισμα” (baptisma) e “βαπτισμός” (baptismós), sendo derivado do verbo “βαπτίζω” (baptizō), o qual pode ser traduzido por “batizar”, “imergir”, “banhar”, “lavar”, “derramar”, “cobrir” ou “tingir”, conforme utilizado no Novo Testamento e na Septuaginta.

O costume de imergir as pessoas como parte de um ritual parece ter nascido na Grécia, em uma seita que cultuava a deusa da torpeza, chamada Cotito. Esta seita possuía sacerdotes, denominados Baptas. Estes se banhavam e purificavam com perfumes antes da celebração da cerimônia. Com o tempo, esse ato passou a ser símbolo da purificação do espírito. Entre os judeus, o rito de se lavar com água, simbolizando a purificação religiosa, ou consagração a Deus, era usado com muita frequência.

João, primo de Jesus, era conhecedor dos costumes gregos e substituiu a prática judaica da circuncisão pelo batismo, muito menos agressivo. Por esse motivo, passou a ser conhecido como João Batista. Este era o “batismo de arrependimento”, e não perdoava pecados, porque o doador do perdão ainda não tinha se revelado, o perdão dos pecados através do batismo, viria somente com Jesus. João anunciava: “Eu, na verdade, vos batizo com água, para o arrependimento, mas aquele que há de vir depois de mim é mais poderoso do que eu, e não sou digno de levar-lhe as sandálias; Ele vos batizará com o Espírito Santo e com Fogo; sua pá Ele a tem na sua mão, e limpará bem a sua eira, e recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível.” (Mateus 3:11-12)

O batismo continuou a ser praticado pelos seus seguidores, por algum tempo, e mesmo após a sua morte e a crucificação de Jesus, geralmente no Dia de Pentecostes.

Possivelmente, o batismo que os discípulos de Cristo praticavam era uma sequência do batismo de João, pois alguns deles haviam seguido João Batista. Os discípulos batizavam em nome de Jesus, uma vez que ainda não havia sido definida a trindade. Não há menção ao batismo em o nome da trindade no novo testamento, a não ser no mandato atribuído a Cristo, em Mateus 28:19. Ainda assim, alguns estudiosos questionam se esse trecho não teria sido adulterado pelos tradutores católicos posteriormente.

A doutrina da trindade, que divide o eterno e indivisível Deus, em três pessoas, foi introduzida na igreja cristã pelos chamados “pais da Igreja”: Tertuliano, Cipriano, Atanásio e outros, entre 185 a 250 DC e oficializada pelo primeiro Papa-Imperador Constantino, no Concilio de Nicéia, no ano 325 DC. Todos os batismos realizados pelos apóstolos e pela igreja cristã, conforme as Escrituras, e segundo prova a História da Igreja, até cerca do ano 185 DC foram “em nome de Jesus Cristo”, e não na forma trinitária.

Tertuliano tornou-se o “pai da doutrina da trindade”, a crença de que Deus era, ao mesmo tempo, pai, filho (Jesus) e o espirito santo, que atuou sobre os discípulos no dia de Pentecostes. Foram esses mesmos teólogos que mudaram a fórmula batismal bíblica apostólica “Em Nome de Jesus Cristo”, para uma fórmula que viesse satisfazer os seus conceitos da santíssima trindade. Infelizmente, os defensores da unicidade de Deus (Noélio, Sabélio, Calixto e outros), foram tachados de hereges, perseguidos, excomungados, e até martirizados.

Nos primeiros séculos do Cristianismo, era muito arriscado deixar um desconhecido frequentar as reuniões cristãs, pelo risco de ser algum espião infiltrado, a serviço de Roma. Por isso, começou-se a exigir que o novo convertido fosse apresentado por um padrinho. Este o acompanharia durante os 3 ou 4 anos de preparação antes de seu batismo. Os candidatos, aos domingos, participavam da celebração da palavra. Depois, se retiravam, enquanto os cristãos continuavam a celebração eucarística.

No período de preparação à Páscoa, o candidato participava mais intensamente da preparação. Ao aproximar-se da festa, o padrinho apresentava o neófito ao bispo, que o recebia em nome do Senhor. Na noite que precedia à Páscoa, rezavam o Credo e o Pai-Nosso, recebiam a unção pré-batismal e depois eram batizados.

Com o tempo, o batismo perdeu o significado de arrependimento e começou a assumir uma função mágica de proteção, claramente influenciada pelas crenças pagãs. A partir do Século 6, se reduziu-se o tempo de preparação ao batismo. Tornou-se normal o batismo de crianças, que não teriam direito ao Céu caso morressem sem serem batizadas. O batismo de crianças tem suas raízes nas crenças supersticiosas que se espalharam pela cultura greco-romana. Cipriano, poderoso defensor do batismo infantil, atribuía-lhe poderes mágicos por sua capacidade para lavar pecados. Por isso, o papel do padrinho mudou. Agora, era aquele que representava e falava em nome daquele que seria batizado.

Batismo infantil

Do ponto de vista teológico, o batismo infantil divorcia duas coisas que a Bíblia une constantemente: 1) fé e arrependimento, e 2) batismo na água. O batismo, que era um símbolo de arrependimento dos pecados ou da conversão aos ensinos de Jesus, passou a ser realizado em crianças antes mesmo de aprenderem a falar…

OBS: Ideia da série baseada num texto de Caibar Schuttel

Sobre Maurício M. Vilela

Espírita desde a adolescência, tenho tentado estudar o suficiente para saber separar o joio do trigo.
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