AUTORES DA REVELAÇÃO ESPÍRITA – Parte 2

São Luís (Rei Luís IX)

São Luís

Luís IX de França ou São Luís de França (Poissy, França, 25 de Abril de 1214 – Túnis, Norte de África, 25 de Agosto de 1270) foi rei da França de 1226 até a sua morte, o nono da chamada dinastia dos capetianos diretos, e também conde de Artois de 1226 a 1237.

No seu reinado a França viveu um excepcional momento político, econômico, militar e cultural, conhecido como o “o século de ouro de São Luís”. Houve um grande desenvolvimento da justiça real, passando o monarca a representar o juiz supremo.

Participou também das Sétima e Oitava Cruzadas, tendo morrido no decurso desta última, o que influenciou em grande medida a sua posterior canonização no reinado do seu neto Filipe o Belo.

São Luís nasceu no castelo de Poissy, a 30 quilómetros de Paris, a 25 de Abril de 1214 ou 1215. Luís IX foi o quinto filho de Luís VIII de França e Branca de Castela, sendo o seu irmão Filipe o herdeiro da coroa até à morte deste em 1218.

A sua infância terá sido influenciada pela figura do seu pai que, unindo o zelo pela religião à bravura marcial que lhe valeu o cognome de o Leão, subjugou os cátaros do sul da França. Particularmente zelosos da sua educação, os pais de Luís IX deram-lhe bons preceptores: Mateus II de Montmorency, Guilherme des Barres, conde de Rochefort, e Clemente de Metz, marechal da França, inspiraram-lhe os sentimentos de um rei cristianíssimo e filho da Igreja.

Da mesma forma, mais tarde Luís interessar-se-ia pela educação, particularmente a religiosa, dos seus filhos. Ensinar-lhes-ia orações, a necessidade de assistir à missa e de fazer penitência. Conta-se também, por exemplo, que às sextas-feiras não permitia que usassem qualquer ornamento na cabeça, por ter sido o dia da coroação de espinhos de Jesus Cristo.

Com a morte do seu pai em 8 de Novembro de 1226, Luís IX subiu ao trono aos 12 anos de idade. Foi sagrado na catedral de Reims por Jacques de Bazoches, bispo de Soissons, em 30 de Novembro do mesmo ano.

Por testamento de Luís VIII, a mãe do jovem monarca assumiu a regência da França com o título de «baillistre», guardião da tutela do rei. Durante a minoridade de Luís IX, a rainha mãe enfrentou as ambições da Inglaterra e as pressões da nobreza do reino, que desejavam valer-se da pouca idade do soberano para retomar os direitos perdidos para os monarcas do último século.

Delicado, louro e de olhos azuis, Luís atingiu a maioridade a 25 de Abril de 1234 mas continuou a manter a mãe numa posição de confiança e poder. Não há uma data precisa em que se defina a efetiva tomada do poder por Luís, os seus contemporâneos viram o seu reinado como um período de partilha do poder com Branca de Castela. No entanto, os historiadores costumam definir o ano da sua maioridade como aquele em que Luís passou a governar mais tradicionalmente como rei, relegando a mãe para um papel mais de conselheira, se bem que continuou a ser uma poderosa força política até à sua morte em 1252.

Esta organizou o seu casamento, realizado no dia 27 de Maio de 1234, na catedral de Sens, pouco depois de o rei completar 20 anos. A esposa escolhida foi Margarida da Provença, a filha mais velha de Beatriz de Saboia e do conde Raimundo Berengário IV da Provença e de Forcalquier, e irmã de Leonor, esposa de Henrique III da Inglaterra.

Segundo os relatos da época, se entendia que os seus oficiais tivessem agido mal, impunha em primeiro lugar uma severa penitência a si mesmo, como culpado pelo excesso praticado pelos seus representantes, e em seguida ministrava-lhes severa punição, obrigando-os a restituir o que haviam tomado do povo, se fosse esse o caso, ou a reparar aqueles que haviam sido condenados injustamente. Pelo contrário, quando tomava conhecimento de que haviam cumprido dignamente os seus deveres, recompensava-os regiamente e os fazia ascender a funções mais honrosas. Foi também o primeiro rei a proibir duelos, anteriormente tolerados e por vezes ordenados a fim de se conhecer o direito das partes.

Este reinado foi um período de paz e prosperidade para a França, mas também de excepcionais zelo religioso com a intenção de conduzir o povo francês à salvação da alma. São Luís não negligenciava o cuidado dos pobres, proibiu o jogo e a prostituição e punia a blasfémia. As punições estipuladas eram tão rigorosas que o papa Clemente IV julgou ser necessário atenuá-las.

O monarca francês era zeloso da sua missão de “lugar-tenente de Deus na Terra”, da qual fora investido na sua coroação em Reims. De forma a cumprir este dever organizaria duas cruzadas e, apesar de ambas terem fracassado, contribuíram para o seu prestígio. Os seus contemporâneos não teriam compreendido se um rei tão poderoso e piedoso não fosse libertar a Terra Santa.

O rei alargou o alcance da Inquisição na França. A área mais visada foi o sul do país, onde a heresia cátara tinha sido mais forte.

Em todos estes atos, Luís tentava cumprir o que se encarava ser o dever da França, chamada de “a filha mais velha da Igreja” (la fille aînée de l’Église), com uma tradição de protetora da Igreja desde os tempos dos francos e de Carlos Magno, que fora coroado pelo papa em Roma no ano de 800. De fato, para além dos títulos Rex Francorum (rei dos francos), ou Franciae Rex (rei da França), que Luís IX foi o primeiro a usar, os monarcas franceses também eram intitulados Rex Christianissimus (rei cristianíssimo).

Em 1244 Luís IX caiu gravemente enfermo de disenteria, a ponto de alguns terem como certa sua morte. Foram organizadas vigílias, procissões e outros atos religiosos pela sua convalescença, e o próprio monarca fez então um voto: caso sobrevivesse, partiria em cruzada para libertar o Santo Sepulcro.

A 12 de Junho de 1248 Luís armou-se com a oriflamme, o estandarte de guerra capetiano, na basílica de Saint-Denis. Partiu então, acompanhado da rainha Margarida da Provença, e dos seus irmãos Carlos de Anjou e Roberto I de Artois. Dirigiu-se para Lion, onde se encontrou com o papa Inocêncio IV, de quem recebeu a benção apostólica, e em seguida para Aigues-Mortes, onde o aguardavam as embarcações que deveriam conduzir os cruzados ao Egito. A 25 de Agosto de 1248, iniciou-se a Sétima Cruzada.

As naus tocaram inicialmente a ilha de Chipre, onde o monarca se viu obrigado a permanecer durante o Inverno devido a uma peste que arrebatou uma sexta parte do seu exército. Estas perdas e a demora foram contudo de algum modo compensadas pela adesão de Henrique I de Lusignan, rei de Chipre, a quem São Luís conseguiu convencer a juntar-se à expedição.

O escorbuto e a disenteria dizimaram os soldados e forçaram o rei a bater em retirada. Um traidor lançou então o boato de que o monarca francês se rendera. A maior parte dos soldados rendeu-se e foi aprisionada, tal como Luís IX. Roberto I de Artois morrera no decurso das batalhas por esta cidade.

Durante o seu cativeiro, o rei encarregou Margarida da Provença de conduzir a cruzada. Neste período conta-se de os emires do Egito o quererem eleger como sultão e do nascimento de um dos filhos em Damieta, durante a negociação com os seus algozes. Em Maio os cruzados foram libertados sob um avultado resgate pago pela Ordem do Templo.

São Luís decidiu então prolongar a sua estadia no que restava dos estados latinos do Oriente. Reenviou os irmãos Afonso III de Poitiers e Carlos de Anjou para a França para apoiar a mãe Branca de Castela, só no governo do reino. De 1250 a 1253 consolidou as fortalezas de São João de Acre, Cesareia Marítima, Jafa e Sídon e conduziu a diplomacia dos cristãos com os poderes islâmicos da Síria e do Egito.

Na Primavera de 1253, Luís IX tomou conhecimento do falecimento da rainha mãe regente, pelo que foi obrigado a voltar ao reino, deixando uma presença significativa de forças na cidade de Acre para a sua defesa contra ataques dos muçulmanos.

Devido aos ataques continuados aos estados cruzados do Levante, São Luís decidiu lançar uma Oitava Cruzada, para a qual se apresentaram os seus filhos e Eduardo I da Inglaterra, além de numerosos príncipes e senhores. Partiram em direção a Túnis a 4 de Julho de 1270. Mais uma vez no mar, outra grande tempestade dispersou as embarcações e impediu muitas outras de partir.

São Luís esperava converter o sultão de Túnis ao cristianismo para, aliados, atacarem o sultão do Egito. No entanto, depois da rápida conquista de Cartago pelos cruzados, este não permitiu sequer o desembarque da armada europeia. Iniciou-se um confronto, com os franceses assediando vários pontos nevrálgicos dos inimigos e a própria capital. Como esta resistisse, decidiram dominá-la cortando os víveres.

Mas as doenças da cidade atingiram também o exército francês. Luís IX viu morrer seu filho João Tristão, nascido durante o seu cativeiro no Egito, e pouco depois morreria ele mesmo, a 25 de Agosto de 1270, precisamente 22 anos após a sua partida para a Sétima Cruzada. Tradicionalmente tem sido aceito que fora vitimado pela peste bubônica, mas estudos recentes indicam a sua morte por disenteria.

O corpo de Luís IX foi colocado sobre um leito de cinzas, em sinal de humildade, e os braços em cruz, à imagem de Jesus Cristo. Este falecimento marcaria o fim da cruzada, a que se seguiriam mais mortes na família real. Isabel de Aragão, esposa de Filipe III de França, morreria na Sicília durante a viagem de regresso à França. Afonso III de Poitiers e a sua esposa Joana de Toulouse morreriam no intervalo de três dias, na Itália.

O cadáver do rei foi levado para França pelo seu filho e sucessor Filipe, com exceção das entranhas: algumas destas foram enterradas na atual Tunísia, onde ainda é possível hoje em dia visitar um túmulo de São Luís; outras foram destinadas à abadia de Monreale, na Sicília, a pedido do seu irmão Carlos I da Sicília.

O resto do seu corpo, depois de uma estadia na basílica de São Domingos em Bolonha e de uma paragem em Lion, foi transladado para a necrópole real da abadia de Saint-Denis. O seu túmulo na França era um magnífico monumento de bronze dourado concebido no final do século XIV. Foi fundido durante as guerras francesas de religião, quando o corpo do rei santo desapareceu. Só foi recuperado um dedo, mantido atualmente em Saint-Denis.

As relíquias conservadas na Sicília foram ainda transportadas para a Tunísia para a consagração da catedral São Luís de Cartago no final do século XIX e, por fim, quando da independência deste país, devolvidas à França, onde foram depositadas na Sainte-Chapelle.

O culto deste santo foi juridicamente examinado e aprovado pelo papa Bonifácio VIII, que o canonizou em 1297 com o nome de São Luís da França.

São Luís foi frequentemente considerado o modelo do monarca cristão ideal. Devido à aura de santidade ligada à memória de Luís IX, muitos mais reis da França se chamaria Luís, especialmente na dinastia de Bourbon (Luís XIII a Luís XVIII).

Diversas instituições e locais por todo o mundo receberam o nome de São Luís ou Saint-Louis, frequentemente devido ao período do império colonial francês.

Muito do que atualmente se sabe sobre a vida de São Luís foi o que ficou registrado por Jean de Joinville, o seu principal biógrafo com a obra A Vida de São Luís. Jean de Joinville era amigo, confidente e conselheiro do rei, e também foi uma das principais testemunhas no processo de canonização em 1297 pelo papa Bonifácio VIII.

Duas outras biografias importantes foram escritas pelo confessor do rei, Godofredo de Beaulieu, e pelo seu capelão, Guilherme de Chartres, Grão-Mestre da Ordem dos Templários. A quarta notável fonte de informação é a biografia de Guilherme de Saint-Pathus, escrita usando o inquérito papal sobre a vida do rei para a sua canonização. Apesar de vários outros terem escrito biografias nas décadas seguintes à morte de Luís IX, só Jean de Joinville, Godofredo de Beaulieu e Guilherme de Chartres conheceram pessoalmente o rei.

Como espírito, tem grande participação em toda a Codificação, pois era considerado o guia protetor da Sociedade de Estudos Espíritas de Paris. Participa diretamente de diversas respostas de O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo e O Céu e o Inferno, além de uma intensa participação na Revista Espírita. Sempre que Kardec tinha alguma dúvida técnica, após uma resposta de outro espírito, São Luís era evocado para explicar melhor o assunto

OLE – Assina o Prolegômenos, 495, 664, 1004, 1006, 1007, 1008, 1010-a, 1019,
OLM – 94, 128, 266, Dissertação VI, XVII, XIX, XXIII,
ESE – IV-24, IV-25, V-28, V-29, V-30, V-31,  X-19,  X-20,  X-21, XIII-20, XVI-15,
CI – Comentários em II-III (Sra. Anna Belleville), II-IV (Ferdinand Bertin), (Claire), II-V (O Pai e o Conscrito), II-VI (O Espírito de Castelnaudary), II-VII (A Rainha de Oude),

Sobre Maurício M. Vilela

Espírita desde a adolescência, tenho tentado estudar o suficiente para saber separar o joio do trigo.
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Uma resposta para AUTORES DA REVELAÇÃO ESPÍRITA – Parte 2

  1. Suzy disse:

    Maurício, cada dia que leio os seus textos aprendo um pouco mais. Obrigada por essa oportunidade.

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