AUTORES DA REVELAÇÃO ESPÍRITA – Parte 1

Com essa postagem, inicia-se uma série que é fruto de muito estudo, pesquisa e um pouco de intuição. As obras da Codificação estão repletas de respostas e mensagens de diversos espíritos. Os confrades espíritas, que se dedicam a ler estas obras, devem ter se deparado com dúvidas a respeito das identidades de muitos desses espíritos comunicantes. Afinal, quem foi Adolfo, bispo de Alger? E Lamennais? Erasto? E tantos outros…

A menos que a pessoa possua um conhecimento histórico muito amplo, vários nomes citados devem ser totalmente desconhecidos. Quem eram esses espíritos quando encarnados? Em que acreditavam? Suas opiniões mudaram até colaborarem com a Codificação ou mantiveram as mesmas idéias?

Optamos por selecionar somente os espíritos que, aparentemente, mostraram algum grau de evolução maior: os responsáveis pelas respostas em O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns; os autores das mensagens de O Evangelho Segundo o Espiritismo; Galileu Galilei, responsável por todo um capítulo de A Gênese e os espíritos considerados felizes em O Céu e o Inferno. Não desprezamos os ensinamentos constantes até nas mensagens de espíritos sofredores nessa última obra, mas não podemos atribuir a eles a autoria da Codificação, mas sim aos espíritos superiores que os trouxeram para que suas comunicações fossem estudadas.

Nessas postagens, utilizamos as seguintes abreviaturas:

OLE – O Livro dos Espíritos (números correspondem às perguntas)
OLM – O Livro dos Médiuns (números correspondem às perguntas, algarismos romanos correspondem às dissertações)
ESE – O Evangelho Segundo o Espiritismo (algarismos romanos correspondem às partes e os algarismos arábicos aos textos)
CI – O Céu e o Inferno (algarismos romanos correspondem às partes e os algarismos arábicos aos textos. Se um espírito comenta sobre um texto de autoria de outro, o nome do autor do texto é citado)
AG – A Gênese (somente o espírito de Galileu Galilei)

Infelizmente, devido à extensão da obra, a Revista Espírita foi deixada de lado nessa compilação, visto demandar muito tempo compilar os textos dos seus 12 volumes.

 O Espírito de Verdade

O Espírito de Verdade

A identidade desse espírito é alvo de uma certa polêmica no meio espírita. Para uns o Espírito de Verdade é Jesus; outros discordam.

Os que crêem que seria Jesus citam a mensagem “Advento do Espírito de Verdade” em O Evangelho Segundo o Espiritismo onde ele diz  “venho, como outrora, entre os filhos desgarrados de Israel, trazer a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como outrora a minha palavra, deve lembrar aos incrédulos que acima deles reina a verdade imutável.”

Na verdade, esse texto (com pequenas modificações) já havia sido publicado em O Livro dos Médiuns, assinado como sendo de Jesus. Kardec fez questão que fazer comentários sobre a reserva que fazia sobre a autoria, não pelo conteúdo, que ele considerou digno do Cristo, mas pela sua dúvida de que Jesus, pessoalmente, viesse a se comunicar. Curiosamente, o texto reapareceu dois anos depois, assinado pelo Espírito de Verdade em O Evangelho segundo o Espiritismo. J. Herculano Pires, tradutor de ambas as obras, considerou que a assinatura inicial de Jesus pudesse ter sido obra da influência do próprio médium e que, posteriormente, o Espírito de Verdade não só corrigira algumas partes como deixara claro a sua autoria.

No entanto, todo o texto tem uma forma poética que mais parece ser uma forma alegórica, ou seja, o Espírito de Verdade usa as palavras como se fosse Cristo alertando aos homens. Isso pode parecer uma heresia, mas lembramos que Jesus dizia que ele e o Pai eram um, indicando a conformidade de idéias. Por que o Espírito de Verdade, sob as ordens e orientações de Jesus e sabendo as suas intenções, não poderia agir como se ele e Jesus fossem um?

Uma coisa certa é que o Jesus anunciou que enviaria o Espírito de Verdade como o consolador prometido. Não faria muito sentido que ele se referisse a si mesmo dessa maneira. Por que não dizer “Eu voltarei” ou mesmo “O filho do homem voltará” como era comum ao se referir a si mesmo?

Já alguns espíritas crêem que o Espírito de Verdade seria um conjunto de espíritos, responsáveis pela Codificação da Doutrina. Contra esse teoria temos um trecho de “O Céu e o Inferno” onde perguntou-se ao Espírito Jobard:

Vedes os Espíritos que estão aqui convosco?
– R. Eu vejo sobretudo Lázaro e Erasto; depois, mais distante, o Espírito de Verdade, planando no espaço; depois, uma multidão de Espíritos amigos que vos cercam, apressados e benevolentes.

Por que Jobard descreveria o Espírito de Verdade planando no espaço se ele fosse um conjunto de espíritos e, ainda assim, por que descrever em seguida uma multidão de Espíritos amigos?

Aparentemente, o Espírito de Verdade seria um espírito extremamente elevado, auxiliar direto do Cristo e que foi enviado por ele para coordenar todo o processo da codificação, desde as primeiras sessões de mesas girantes, até a confecção dos livros de Kardec. Talvez por isso sua participação direta, assinando textos seja reduzida.

Assina o Prolegômenos de O Livro dos Espíritos.
OLM – 301, 302, 303, Dissertação XV
ESE – VI-5, VI-6, VI-7, VI-8, XX-5,

Sobre Maurício M. Vilela

Espírita desde a adolescência, tenho tentado estudar o suficiente para saber separar o joio do trigo.
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